Dicas, comentarios e concelhos de alguns dos (das) mestres(tras) da literatura brasileira, para novos(as) escritores(ras) ou para os(as) curiosos(as).

Eva Furnari



Local de Nascimento: Itália, Roma.

Data: 15/11/1948.

Profissão: Escritora e Ilustradora.

Signo: Escorpião.

Principais gêneros literários: Infantil, infanto-juvenil. 

                                                           Perguntas e Respostas:

De onde vêm as ideias para as suas histórias?

Essa é uma pergunta difícil de responder. Eu acho que cada escritor tem seu jeito de criar. Não sei direito de onde vem as minhas ideias e, às vezes, tenho a impressão de que vêm de um universo maior do que eu. E então me dedico a escolher as palavras e imagens para contá-las da melhor forma que eu puder. Durante esse processo de passar da imaginação para o papel, muitas vezes a ideia inicial vai se transformando, amadurecendo.

Como você escolhe os títulos dos seus livros? E os nomes dos personagens?

Eu acho dificílimo dar títulos para os livros, sempre tenho muitas dúvidas e fico um tempão procurando. Acho mais fácil dar nomes aos personagens. Tenho listas e mais listas de nomes engraçados. Não gosto de dar nomes comuns porque eu imagino que alguma criança que tiver o mesmo nome do personagem poderia ficar meio chateada com isso.


                                                Algumas Obras de Eva Furnari:


Os problemas da família Gorgonzola

Todo mundo tem algum problema e a família Gorgonzola também tem os seus. Só que os deles são um pouco sujos, talvez até imundos. Você tem coragem de botar a mão e resolvê-los?

 

Você troca?

Com seu traço gaiato e divertido, Eva Furnari propõe as mais exóticas e hilariantes trocas, brincando com as palavras - na tradição popular dos trocadilhos e das rimas - e também com a reputação de clássicos personagens (como o lobinho delicado e o chapeuzinho malvado). O texto resulta extremamente expressivo, muito adequado aos que se iniciam na leitura, pois a cada duas páginas a criança tem um texto completo que, enriquecido pelas ilustrações, diverte e satisfaz sua expectativa de leitor. Não há uma narrativa, um enredo a ser seguido, apenas quadros que estimulam a criatividade dos pequenos. Qual deles não gostará de propor sua troca também?

 

Assim assado.

O bicho esbranquiçado, o sapo cabeludo, o médico aprendiz... Serão eles personagens tão estranhos quanto a cozinheira que faz biscoitos com gosto de prateleira? Ou serão eles tão pirados quanto o homem que usa chapéu de talhado? Leia esses pequenos e divertidos casos em Assim Assado, um livro bem- humorado de Eva Furnari.


Clarice Lispector



Local de Nascimento: Chechelnyk, Ucrânia.

Data: 10/12/1920.

Profissão: Escritora, jornalista, filosofa.

Signo: Sagitário.

Principais gêneros literários: Romance, contos, infanto-juvenil, crônica, ensaio, tradução e etc.

                                                                 

                                                                Dicas :

“Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espelhados.”

 Escrever não é uma atividade simples. Exige dedicação e uma energia emocional que, caso não se cuide, pode ser exaustiva. A única coisa que pode nos tornar escritores é uma verdadeira vontade de levar isso adiante.

 No entanto, é muito bom quando vemos este grandes artistas partilhando dessas dificuldades que nós mesmos enfrentamos, não é mesmo?

“Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntasse a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.”

 

“Minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las em palavras. É neste sentido, pois, que escrever me é uma necessidade. De um lado, porque escrever é um modo de não mentir o sentimento (a transfiguração involuntária da imaginação é apenas um modo de chegar); de outro lado, escrevo pela incapacidade de entender, sem ser através do processo de escrever.”


"Em algum ponto deve estar havendo um erro: é que ao escrever, por mais que me expresse, tenho a sensação de nunca na verdade ter-me expressado. A tal ponto isso me desola que me parece, agora, ter passado a me concentrar mais em querer me expressar do que na expressão ela mesma. Sei que é uma mania muito passageira. Mas, de qualquer forma, tentarei o seguinte: uma espécie de silêncio. Mesmo continuando a escrever, usarei o silêncio. E, se houver o que se chama de expressão, que se exale do que sou. Não vai mais ser: ‘Eu me exprimo, logo sou.’ Será: ‘Eu sou; logo sou.’”

“Quando comecei a escrever, que desejava eu atingir? Queria escrever alguma coisa que fosse tranqüila e sem modas, alguma coisa como a lembrança de um alto monumento que parece mais alto porque é lembrança. Mas queria, de passagem, ter realmente tocado no monumento. Sinceramente não sei o que simbolizava para mim a palavra monumento. E terminei escrevendo coisas inteiramente diferentes.”


                                          Algumas obras de Clarice Lispector:

A hora da Estrela.

A nordestina Macabéa, a protagonista de A hora da estrela, é uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir. Depois de perder seu único elo com o mundo, uma velha tia, ela viaja para o Rio, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio. Apaixona-se, então, por Olímpico de Jesus, um metalúrgico nordestino, que logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada, Macabéa consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, bem diferente do que a espera.

 

Água viva

Obsessivamente, a protagonista de Água viva  busca surpreender as intrincadas relações entre o instante fugidio e sua inscrição no espaço. Sem nome, escondida sob o pronome eu , a personagem procura entender o significado da solidão e o de seu estar no mundo, no desencadear dos instantes que prefiguram um presente contínuo onde os limites cada vez mais esgarçados entre o que é interior e exterior à personagem desaparecem. Nesse lugar "enfeitiçado", em linguagem incandescente, escreve Clarice Lispector Seu texto faz fluir o sentimento de agora e, paradoxalmente, interliga a petrificação e a mudança.

 Água viva  é um lindo poema em prosa, no qual se comemora a vida de tudo o que, intensamente, é. Sem receitas para decodificar o mundo enfeitiçado da incitante narrativa, o leitor toma consciência de que já não dispõe de modelos para ler, nem para entender Clarice Lispector.

 

 Laços de Familia

O texto de Clarice Lispector costuma apresentar ilusória facilidade. Seu vocabulário é simples, as imagens voltam-se para animais e plantas, quando não para objetos domésticos e situações da vida diária, com frequência numa voltagem de intenso lirismo. Mas que não se engane o leitor. Em poucas linhas, será posto em contato com um mundo em que o insólito acontece e invade o cotidiano mais costumeiro, minando e corroendo a repetição monótona do universo de homens e mulheres de classe média ou mesmo o de seres marginais. Desse modo, o leitor defronta-se com a experiência de Laura com as rosas e o impacto de Ana ao ver o cego no Jardim Botânico. Pequenos detalhes do cotidiano deflagram o entrechoque de mundos e fronteiras que se tornam fluidos e erradios, como o que é dado ao leitor a compreender acerca da relação de Ana, seu fogão e seus filhos, ou das peregrinações de uma galinha no domingo de uma família com fome, ou do assalto noturno de misteriosos mascarados num jardim de São Cristóvão. E, como se pouco a pouco se desnudasse uma estratégia, o cotidiano dos personagens de Laços de família , cuja primeira edição data de 1960, vai-se desnudando como um ambiente falsamente estável, em que vidas aparentemente sólidas se desestabilizam de súbito, justo quando o dia a dia parecia estar sendo marcado pela ameaça de nada acontecer.

 Nesta coletânea de contos, os personagens – sejam adultos ou adolescentes – debatem-se nas cadeias de violência latente que podem emanar do círculo doméstico. Homens ou mulheres, os laços que os unem são, em sua maioria, elos familiares ao mesmo tempo de afeto e de aprisionamento.

 

 

Stephen King.



Local de Nascimento. Portland, EUA.

Nascimento: 21/09/1947.

Signo: Virgem.

Principais gêneros literários: Terror, ficção sobrenatural, suspense, ficção científica e fantasia.

                                                                  

                                                             Concelho:

“Se você quer ser escritor, existem duas coisas a fazer, acima de todas as outras: ler muito e escrever muito. Que eu saiba, não há como fugir dessas duas coisas, não há atalho”.


                                                   Algumas obras de Stephen King.


It- A coisa.

Nesse clássico que inspirou os filmes da Warner, um grupo de amigos conhecido como Clube dos Otários aprende o real sentido da amizade, do amor, da confiança... e do medo. O mais profundo e tenebroso medo. Durante as férias de 1958, em uma pacata cidadezinha chamada Derry, um grupo de sete amigos começa a ver coisas estranhas. Um conta que viu um palhaço, outro que viu uma múmia. Finalmente, acabam descobrindo que estavam todos vendo a mesma coisa: um ser sobrenatural e maligno que pode assumir várias formas. É assim que Bill, Beverly, Eddie, Ben, Richie, Mike e Stan enfrentam a Coisa pela primeira vez. Quase trinta anos depois, o grupo volta a se encontrar. Mike, o único que permaneceu em Derry, dá o sinal — uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. É preciso unir forças novamente. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry. Só eles podem vencer a Coisa.


O cimiterio

O livro que inspirou o filme O cemitério maldito. Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar em uma pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade e a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios pela região, conhecem um cemitério no bosque próximo à sua casa. Ali, gerações de crianças enterraram seus animais de estimação. Mas, para além dos  pequenos túmulos, há um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras. Um universo dominado por forças estranhas capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível. A princípio, Louis Creed se diverte com as histórias fantasmagóricas do vizinho Crandall. No entanto, quando o gato de sua filha Eillen morre atropelado e, subitamente, retorna à vida, ele percebe que há coisas que nem mesmo a sua ciência pode explicar. Que mistérios esconde o cemitério dos bichos? Terá o homem o direito de interferir no mundo dos mortos? Em busca das respostas, Louis Creed é levado por uma trama sobrenatural em que o limite entre a vida e a morte é inexistente. E, quando descobre a verdade, percebe que ela é muito pior que seus mais terríveis pesadelos. Pior que a própria morte - e infinitamente mais poderosa. A Capa Pode Variar.


Carrie, a estranha.

Carrie é uma adolescente tímida e solitária. Aos 16 anos, é completamente dominada pela mãe, uma fanática religiosa que reprime todas as vontades e descobertas normais aos jovens de sua idade. Para Carrie, tudo é pecado. Viver é enfrentar todo dia o terrível peso da culpa. Para os colegas de escola, e até para os professores, Carrie é uma garota estranha, incapaz de conviver com os outros. Cada vez mais isolada, ela sofre com o sarcasmo e o deboche dos colegas. No entanto, há um segredo por trás de sua aparência frágil: Carrie tem poderes sobrenaturais, é capaz de mover objetos com a mente. No dia de sua formatura, Carrie é surpreendida pelo convite de Tommy para a festa - algo que lhe dá a chance de se enxergar de outra forma pela primeira vez. O ato de crueldade que acontece naquele salão, porém, dá início a uma reviravolta cheia de terror e destruição. Chegou a hora do acerto de contas. Carrie, a estranha é um dos maiores clássicos de terror da literatura contemporânea e um dos livros mais aclamados de Stephen King.


Martha Medeiros.



Local de Nascimento: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Nascimento: 20/08/1961.

Signo: Virgem.

Principais gêneros literários: Aforista e poetisa.

                                                                               

                                                                      Dica: 

          "Por dever de ofício, leio um monte de revistas, mesmo aquelas das quais não sou público-alvo”.


                                                   Algumas obras de Martha  Medeiros.


Quem diria que viver ia dar nisso

Viver deu nisso. Em roteiros: os de cinema, os de viagem, o que são guiados ou desviados pelo destino. Também em paixões: por pessoas, por espaços, por ideias. Deu ainda em tropeços e recomeços, em idas e vindas, em pé no chão e cabeça na lua. Viver, como mostra Martha Medeiros, deu nisso, em mais este livro, espécie de diário poético (ou seria profético?), com suas crônicas que misturam memórias e histórias – as reais e as ficcionais. São textos que escancaram e são descarados. Dão a cara para bater ao falarem de aborto, de arte, de assédio. Mas que, por mais despudorados que sejam, são repletos de amor, humor, calor humano. Porque Martha respira cada palavra que escreve, fazendo delas a matéria viva de sua existência. Nas mais de cem crônicas aqui reunidas – pequenos fragmentos cotidianos –, ela parece ser aquela amiga que está sempre por perto, ou a irmã com a qual temos mais afinidade. Exagero? Talvez... Mas o que seria da vida sem fantasia? Sem a possibilidade de pularmos corda em pleno espaço como um homem das estrelas orbitando em uma música ao longe? Para Martha, com certeza, não teria a menor graça. Porque viver, quem diria, é isso.


Simples Assim.

Por que complicar ainda mais?Acordou mal-humorado? Respire fundo, abra a janela e pense que no final do dia você encontrará seus amigos para um happy e dará boas gargalhadas. O carro quebrou no meio da rua? Sinalize e espere o guincho em segurança. O namoro está mais para morno? Chegou a hora de pôr um fim a relacionamentos que não levam a nada. Está achando a vida um marasmo, sempre fazendo as mesmas coisas, vendo as mesmas pessoas e não aguentando mais ver sua cara de cansaço no espelho? Dê uma guinada. Simples assim.Martha Medeiros, uma das maiores cronistas do país, não tem solução para seus problemas, mas, com seu olhar afiado, aponta essas pequenezas da vida que tanto trabalho nos dão e nos faz lembrar uma máxima muitas vezes esquecida: a vida está aí para ser vivida. Simples assim. Convidada frequentemente para participar dos principais programas de tevê do país, Martha é um dos poucos nomes da literatura brasileira em atividade a conjugar tão bem o macro com o micro: a vida contemporânea e suas impressões sobre um livro, Londres e uma lembrança da adolescência, um desastre aéreo do outro lado do mundo e o impacto de um filme, a saída dos filhos de casa e uma metáfora entre sutiãs e separações. Mas não é a vida justamente esse encontro, muitas vezes em rota de colisão, entre o macro e o micro? Nestas cem crônicas, transbordam a perspicácia, o olhar atento e a sensibilidade aguçada de uma das escritoras que melhor nos entende. '


Feliz por nada.

“Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.” É com a força transformadora de um abraço que Martha Medeiros abre este novo livro de crônicas e é com a mesma singeleza e olhar arguto para o cotidiano que a escritora ilumina algumas das questões mais urgentes do século XXI. A destacada romancista, cronista e poeta, que já teve obras adaptadas para o cinema, para a tevê e para o teatro, fala aos leitores com a sinceridade de um amigo e materializa as angústias e os anseios da sociedade pós-tudo, que vive acuada sob o grande limitador do tempo. Nesta coletânea de mais de oitenta crônicas, Martha Medeiros aborda temas muito diversos e ao mesmo tempo muito próximos do leitor. A autora tem o dom para aproximar assuntos por vezes fugidios – como é próprio do cotidiano – de questões universais, como o amor, a família e a amizade, e criar lugares de reconhecimento para o leitor, como ao falar de Deus, dos romances antigos e novos, da mulher, de escritores e cineastas que são imortais, de se perder e se reencontrar, do que a vida oferece e muitas vezes se deixa passar. “Feliz por nada”, afirma Martha Medeiros, é fazer a opção por uma vida conscientemente vivida, mais leve, mas nem por isso menos visceral.


Virginia Woolf.



Local de Nascimento : Kensington, Londres, Reino Unido.  

Data de Nascimento: 25/01/1882.

Signo: Aquário.

Pirncipais gêneros literários: Romance, contos.


                                                                             Concelho:

“(…), o ‘livro em si’ não é a forma que vemos, mas a emoção que sentimos, e, quanto mais intenso o sentimento do escritor, mais exata, sem fendas nem falhas, é sua expressão em palavras.

 “(…), tanto na escrita quanto na leitura, o que deve vir em primeiro lugar é a emoção”.


                                                     Algumas Obras de Virginia Woolf:

Mrs. Dalloway.

Obra mais famosa de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway narra um único dia da vida da famosa protagonista Clarissa Dalloway, que percorre as ruas de Londres dos anos 1920 cuidando dos preparativos para a festa que realizará no mesmo dia à noite. Pioneiro na exploração do inconsciente humano por meio do fluxo de consciência, Mrs. Dalloway se consagrou tanto pelo experimentalismo linguístico quanto pelo retrato preciso das transformações da Inglaterra do períodoentre guerras. Misto de romance psicológico com ensaio filosófico, este livro resiste a classificações simplistas e inaugura um gênero por si só. Precursor de algumas das maiores obras literárias do século XX, este romance é uma leitura incontornável que todo mundo deve fazer ao menos uma vez na vida.

 

Um teto todo seu

Era 1928 quando Virginia Woolf foi convidada para proferir uma palestra sobre o tema "Mulheres e ficção" em duas faculdades femininas de Cambridge. As enérgicas críticas de Woolf não apenas deram voz a legiões de mulheres historicamente invisibilizadas, mas também fizeram nascer, bem ali, fagulhas de questionamento que hoje ainda seguem vivas.

 O aviso é claro: para que uma mulher possa escrever ficção, viver de sua arte, ela precisa de dinheiro e um quarto só seu. Seguindo este raciocínio, a autora reflete sobre as muitas maneiras como o contexto social pode influenciar a arte produzida por mulheres, indaga o motivo de as bibliotecas estarem abarrotadas de literatura feita por homens, e, muito lúcida, embora com uma pitada de sarcasmo, analisa os efeitos da pobreza na criatividade feminina. Indo de Jane Austen às irmãs Brontë,   Um teto todo seu   é um poderoso trabalho de investigação sobre mulheres e sua conflituosa existência no mundo.

 Como apoio e contextualização para a leitura, a coleção Nano apresenta um QR Code no final dos livros que, ao ser escaneado, direciona para um portal de leitura dos textos extras da edição em capa dura da Antofágica. Em   Um teto todo seu  , disponibilizamos um texto de apresentação da escritora  Aline Bei, além de posfácios de Ana Carolina Mesquita, doutora em Teoria Literária pela USP, da filósofa Renata Cristina Pereira e de Monica Hermini, doutora em Estudos Literários pela USP, com tese sobre a estética feminista na obra de Woolf. 

 

A arte da brevidade: Contos:

Virginia Woolf escreveu poucos contos, muitos deles meros esboços, exercícios, ensaios de escrita. Mas em alguns estão concentradas características de seus romances mais experimentais: a rejeição do realismo literário, o uso de técnicas narrativas pouco ortodoxas, a experimentação com a estrutura e a sintaxe. Em edição bilíngue e com acabamento de luxo, a presente coletânea reúne os melhores desses contos. "O legado" pertence ao conjunto dos seus contos mais convencionais, mas serve de contraste para melhor apreciação das ousadas técnicas que caracterizam os outros quatro aqui incluídos – "A marca na parede", "Objetos sólidos", "A dama no espelho" e "Kew Gardens".




Ray Bradbury.



Local de Nascimento: Waukegan, Illinois, Estados Unidos.

Data de Nascimento: 22/08/1920.

Signo: Leão.

Principais gêneros literários: Ficção cientifica, terror, fantasia.

                                                                                                                    

                                                                           Dicas:

A melhor higiene para escritores iniciantes ou intermediários é escrever um monte de contos. Se você consegue escrever um conto por semana — não importa a qualidade para começar, mas pelo menos você está praticando — e no final do ano você tem 52 contos, e eu te desafio a escrever 52 ruins. Impossível. Ao final de 30 semanas, 40 semanas ou no final do ano, de repente, surge uma história simplesmente maravilhosa.

Um romance tem todos os tipos de armadilhas, porque leva mais tempo e você está cercado de pessoas, e se não tomar cuidado, vai falar sobre ele. O romance também é difícil de escrever em termos de manter o amor intenso. É difícil ficar ereto por duzentos dias. Então, descubra a grande verdade primeiro. Se você descobrir a grande verdade, as pequenas verdades se acumularão ao redor dela. Deixe que elas sejam magnetizadas, atraídas por ela, e então se apeguem a ela.

 

O intelecto é um grande perigo para a criatividade... porque você começa a racionalizar e inventar razões para as coisas, em vez de se ater à sua própria verdade fundamental — quem você é, o que você é, o que você quer ser. Tenho uma placa sobre a minha máquina de escrever há mais de 25 anos, que diz: "Não pense!". Você nunca deve pensar na máquina de escrever — você deve sentir . De qualquer forma, seu intelecto está sempre imerso nesse sentimento.


                                             Algumas Obras de Ray Bradbury:

Fahrenheit 451.

Guy Montag é um bombeiro. Sua profissão é atear fogo nos livros. Em um mundo onde as pessoas vivem em função das telas e a literatura está ameaçada de extinção, os livros são objetos proibidos, e seus portadores são considerados criminosos. Montag nunca questionou seu trabalho; vive uma vida comum, cumpre o expediente e retorna ao final do dia para sua esposa e para a rotina do lar. Até que conhece Clarisse, uma jovem de comportamento suspeito, cheia de imaginação e boas histórias. Quando sua esposa entra em colapso mental e Clarisse desaparece, a vida de Montag não poderá mais ser a mesma.


O Som do Trovão.

A história se passa em um futuro  onde  a empresa Time Safari Inc. oferece a experiência única de viajar no tempo para caçar dinossauros. O protagonista,  Eckels , paga uma fortuna para participar de uma expedição ao período Cretáceo, onde os caçadores têm permissão para matar um  Tyrannosaurus  rex que já estaria prestes a morrer naturalmente. Porém, ao se deparar com a criatura,  Eckels  entra em pânico e ...   

Com um final ambíguo, o conto explora a ideia de que pequenas ações podem gerar efeitos imensos e imprevisíveis, um conceito posteriormente conhecido como  "Efeito Borboleta" . Além da reflexão sobre o impacto de nossas escolhas, a narrativa também levanta questões sobre determinismo e caos, mostrando como a mínima alteração no passado pode ter consequências incontroláveis. 

 

As crônicas marcianas.

Publicadas originalmente em revistas de pulp fiction, no final dos anos 1950, nos Estados Unidos, As crônicas marcianas foram reunidas num livro por seu autor, no início dos anos 1960, e interligadas por pequenas costuras narrativas. As crônicas acabaram formando emocionante panorama imaginário da chegada do homem a Marte e da colonização do planeta pela espécie humana. Livro que pode ser visto como um romance fragmentado ou uma seqüência conceitual de contos.



Marcelino Freire.



Local de Nascimento: Sertânia, Pernambuco.

Data de nascimento: 20/03/1967.

Signo: Peixe.

Principais gêneros literários: Contos, poesia.

                                                                        

                                                                    Concelhos:

A escrita é feita de vida

Antes de tudo, viver. Então, criar. Marcelino ressalta o papel da experiência como nutriente do texto: “Escrever é viver. A vida é a melhor mestra. Sabe tudo e não sabe nada”. Isso exige do escritor que se coloque onde pode ser alimentado pelo mundo: “Vai no Mercado São José escutar as vozes que estão vendendo coentro, que se esguelam para vender seriguela”, sugere ele.

 

Rastreie e elimine o clichê

Sem dó com o que não é novo: “Coloca a tua frase no Google. Se o Google escrever antes a frase, troque a frase que ela está ruim. O Google tem nos ajudado a escrever. Ele localiza o lugar-comum”. Poderíamos também dizer: se o ChatGPT ou similar consegue fazer, o que temos de fazer é outra coisa… se seguimos Marcelino, o texto literário deve ser esse espaço da surpresa.

 

Dialogue com os seus iguais

Outra coisa que o Google faz, diz o escritor, é nos por em contato com aqueles que trabalham no mesmo sentido que nós. A busca “localiza seus parceiros e parceiras”, nota ele, e orienta: “Coloca lá ‘escritoras travestis no Equador’. O Google localizará. Entre em contato com essas escritoras, troque ideias, faça pontes”. Que intercâmbios podem aperfeiçoar o que você escreve?

 

Bisbilhoteie o seu personagem

Entendemos as pessoas que nós mesmos criamos? Sabemos como agem, do que gostam, como reagem a tais e tais situações? Vai no sentido de nos aproximar das nossas criaturas esse macete: “Faça listas. Escreva dez itens que seu personagem carrega dentro da mochila. Você já pensou na mochila do seu personagem?”. E outras questões assim podem ser feitas…

 

Vá aonde as palavras te esperam

Marcelino te quer onívoro: “Leia muito”, aconselha ele, mas não só literatura; também “arquitetura, botânica, mecânica, jardinagem”… E não pare por aí: busque palavras fora dos livros: “Vá ao cinema pornô. Há palavras que estão lá esperando por você”. Que outros lugares podemos adicionar como fontes de palavras? Onde você já encontrou palavras e onde projeta que poderá encontrar novas?

 

                                           Algumas Obras de Marcelino Freira


Nossos Ossos.

Meu nome é Heleno. Sou dramaturgo, protagonista deste prosa longa, primeiro romance de Marcelino Freire, e tenho um corpo morto de um michê para entregar ao seu pai e à sua mãe, mas não sei quem são e nem onde estão. Tudo porque nada escapa ao teatro. As coisas todas vêm ao palco e ficam aqui para sempre. Cheguei em São Paulo por causa de Carlos, meu primeiro amor, e para escrever peças, encantar plateias, “revelar esse mundo e inventar outros”. Para curar doenças, sofrer, amar, ser feliz, ser normal, ser outro, sempre outro narrando também a melancolia da infância, os restos mortais de tudo o que foi falado em minha casa e os fósseis que eu achava em meu quintal. Ah, se não fossem o público, os diretores, os jornalistas, os atores, os preparadores de elenco, os produtores, os outros nordestinos da técnica, eu não poderia fazer cara de necrotério, essa cara de forte, cara de rico, cara de vingança e cara de nada quando fico representando só para mim. E aí vêm meu amor pelo boy, Lourenço me levando para ser “enterrado no coração de meu pai”, o carinho por Picasso, a sinceridade arisca do michê, os seios de Estrela, o porteiro, o assassinato, o bancário, os outros michês, a fábrica de dominó, meus nove irmãos, o delegado, o IML, o cara do táxi no ir-e-vir dessa narrativa que Freire inventou. A malandragem paulistana. As pessoas da noite. As padarias... O teatro para mim era besteira d’alma, eram as brincadeiras vespertinas de criança, a cruz da interpretação, era a lembrança de minha mãe (todas as personagens que eu inventei são ela). Nesta vida, amei os aplausos, as viagens, as críticas de elogio, o sexo de curiosidade com os artistas bem-sucedidos, as metidas de rua, adorei foder gostoso atrás dos fliperamas. Eu amei de tudo e vou continuar amando. Heleno de Gusmão, em depoimento ditado para Paulo Lins.

 

Angu de Sangue.

Em seu primeiro livro de contos, Marcelino Freire faz um retrato realista e inusitado do submundo das grandes cidades. Os protagonistas são violentados pelas dores e frustrações de uma sociedade injusta, que os estigmatiza. O autor aborda a realidade dos conflitos urbanos sem demagogias, escapando de uma armadilha comum da ficção social: a sentimentalização da miséria. Seus contos “irradiam uma terceira dimensão que ainda nem tivemos tempo de decifrar”, segundo o escritor João Gilberto Noll.

Entre Rios.

Uma mulher decidida viaja pelo rio Paraná com o irmão e o filho, em busca do marido; o enterro de um rio; um casal, em vias de se separar ou iniciar uma vida em comum, em outro lugar; uma carta sobre acontecimentos inusitados em um rio do Centro-Oeste; o despertar do amor e da consciência política, às vésperas da inauguração de uma hidrelétrica; filho e pai que se redescobrem por causa de um falso tesouro de piratas enterrado às margens de um falso rio – esses são os temas dos sete contos deste livro.


Luisa Geisler



Local de Nascimento: Rio Grande do Sul, Brasil. 

Data de Nascimento: 17/06/1991.

Signo: Gêmeos.

Principais gêneros literários: Romance, Contos.

 

                                                                       Comentarios:

 Luisa decidiu, ainda criança, que seria escritora. Fazia pequenos livros à mão, grampeava as páginas e vendia para o pai. O caminho lógico, pensou, seria fazer faculdade de letras. Começou o curso e teve “um choque de realidade”. “Achei que seria mais fácil ser astronauta.” Matriculou-se em uma oficina literária e lá ouviu falar do Prêmio Sesc de Literatura, para autores inéditos nas categorias conto e romance. Na época, em 2010,  impressionara-se com uma reportagem em que se afirmava que as pessoas mentem, em média, oito vezes por dia. “Eu pensava, não é possível que eu minta tanto assim.” A partir daí surgiram os Contos de mentira. Aos 19 anos, ganhou seu primeiro prêmio de literatura – o mais jovem escritor a levar a premiação. No ano seguinte, concorreu novamente – com um romance. Escreveu Quiçá e ganhou seu segundo prêmio.

Largou letras e se formou em relações internacionais. Publicou, em 2014, o segundo romance, Luzes vermelhas se acenderão imediatamente, e agora trabalha no terceiro título. Prepara-se também para embarcar, em setembro, para um mestrado em processos criativos, na Irlanda. Luzes vermelhas foi parcialmente escrito no trem que pegava diariamente para ir de Canoas até Porto Alegre, onde estudava. Escrevia sentada em um cantinho no chão, com um caderno no colo, o que faz até hoje. Não é que Luisa seja um tipo raro de jovem que não usa computador, mas ela é fascinada por caderninhos e canetas coloridas. “Tenho Facebook, Twitter, Instagram e Snapchat. Mas qual a vantagem de ter uma frase compartilhada 1 milhão de vezes se o contexto foi omitido? Prefiro ter 100 leitores me dando 100% de atenção a 1.000 compartilhamentos de pessoas que mal pararam para pensar.”


                                                      Algumas Obras de Luisa Geisler


Enfim, capivaras.

A cidade no interior de Minas Gerais para onde Vanessa se mudou é o tipo de lugar onde anunciam os horários do cinema e os obituários com o mesmo carro de som. Nada de muito interessante acontece por lá, a não ser para Binho, que, segundo ele mesmo, tem várias namoradas e conhece um monte de cantores sertanejos famosos.

A verdade é que Binho é um mentiroso contumaz e agora passou dos limites: inventou que tem uma capivara de estimação. Cansados das histórias cada vez mais mirabolantes do garoto, Vanessa se junta aos amigos ― Léo, Nick e Zé Luís ― para desmascará-lo. E eles estão decididos a ir até as últimas consequências.

Narrado durante as doze horas de uma noite regada a álcool, salgadinhos, segredos e romances mal resolvidos, Enfim, capivaras explora, através de diferentes pontos de vista, os relacionamentos entre um grupo de adolescentes em busca de uma capivara ― ou muito mais do que isso.

 

A angústia das pequenas coisas ridículas.

A protagonista tem dificuldade para lidar com tudo o que está acontecendo: a falta de diálogo com o pai, o distanciamento da melhor amiga e as discussões com o chefe. Enquanto tenta administrar todas essas questões, ela inventa listas, passa a madrugada preparando doces e estuda francês por meio de um aplicativo. Mas é nas receitas da avó, nos versos de Fernando Pessoa e nas frases de Clarice Lispector que ela encontra um verdadeiro alento: a descoberta de que a angústia que sente já foi vivenciada por incontáveis pessoas de outras épocas e lugares.

 

Quiçá.

A obra Quiçá é protagonizada pelo jovem Arthur, parente do interior, anatematizado pela família, e Clarissa, a solitária prima de 11 anos, boa aluna e boa filha. O primo passa a ser, com o decorrer das semanas, o único olhar a definir e entender Clarissa, ante a discreta desconfiança dos pais da menina, ausentes do seu dia a dia. As cenas fragmentárias do romance revelam vidas descosidas umas das outras: nas relações a dois, nas relações familiares e nas amizades, tudo soa precário. Mesmo a ligação que une Arthur e Clarissa não se dá por inteiro, e alguns segredos desconfortáveis assomam como breves fantasmas ao longo do texto. Uma reunião de Natal, a que toda a família comparece sem vontade, apenas sublinha o esgarçamento do tecido que uma vez os uniu. O romance mostra inequívocas qualidades literárias, e com o seu tom impressionista, atento aos detalhes sutis do contato humano, consegue prender o interesse do leitor por meio de bom domínio técnico. O texto tem um ouvido especial para a linguagem coloquial contemporânea da nossa classe média urbana, reelaborando-a estilisticamente por recursos sintáticos (e às vezes gráficos), sem perder, entretanto, o eixo narrativo que lhe dá substância. Do ponto de vista estrutural, Quiçá se realiza em três tempos, uma proeza para qualquer escritor: a) um ano letivo, no qual Arthur passa na casa dos tios, após ter sido internado por tentativa de suicídio; b) um dia, um almoço de Natal que reúne toda a família; c) uma vida, nas pequenas revelações diárias. Neste conjunto cênico que se entrelaça, transparece uma descrença corrosiva, mas sem ênfase, que parece esvaziar a possibilidade de uma vida libertadora; o possível são apenas lampejos erráticos de pequenos roteiros sem transcendência. Pelo bom equilíbrio entre forma e intenção, Quiçá é um livro que envolve e faz pensar.

 

Raphael Montes.



Local de Nascimento: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Data de Nascimento: 22/09/1990.

Signo: Libra.

Principais gêneros literários: Romance, contos.

 

                                                                          Concelhos:


 Eu confesso que não acredito muito em genialidade. Eu acredito muito é em trabalho mesmo, em transpiração muito mais que inspiração. É óbvio que há momentos em que você está inspirado e, por isso, escreve melhor, escreve mais rápido; ou seja, aquele dia em que saem três, quatro páginas, em vez de sair uma página só. Esses são os bons dias – os dias em que eu estou inspirado.

Mas a maioria dos dias é transpiração; é ficar 12 horas sentado na frente do computador, tentando achar a palavra certa, tentando pensar como começa e como termina aquela frase, o que eu quero dizer com aquilo. Então, a maior parte do tempo é transpiração.

Talvez, aquilo que as pessoas chamam de talento eu chame de predisposição. Ou seja, você precisa de predisposição para ficar 12 horas na frente de um computador, para conseguir escrever o que você quer. Assim como um músico precisa de predisposição para treinar o seu instrumento durante 12 horas; tocar durante 10 horas sem parar. Então, eu confesso que prefiro ter os pés no chão e pensar que é trabalho.

Eu não tenho a menor dúvida de que é essencial para o escritor (para quem quer contar história) observar o mundo, observar as pessoas, se lançar no mundo. Eu faço algumas coisas para conseguir pegar histórias. Por exemplo, com frequência eu vou à rua usando um fone de ouvido sem estar escutando nada, desligado. Então, as pessoas pensam que eu estou escutando uma música, mas, na verdade, eu estou escutando o que está rolando ao meu redor.

Sem dúvida, a observação de mundo é importante. Vida acadêmica, para ser bem honesto, eu não acho que seja essencial para um escritor. É óbvio que ajuda, mas, também, pode atrapalhar. A observação de mundo é muito mais importante.

Eu acho que todos os personagens que um escritor cria têm um pouco dele mesmo, do próprio autor, das pessoas que ele conhece e das pessoas que ele viu em algum lugar e que criou toda uma história em cima dessas pessoas, mas sem de fato saber nada sobre elas; e também do imaginário, da invenção, da junção, da justaposição de características de um com outro. Ou seja, nenhum dos meus personagens em Suicidas, Dias perfeitos, Jantar secreto, O vilarejo ou em Uma mulher no escuro são exatamente uma pessoa específica que eu conheço – ainda que de vez em quando eu brinque com isso.

 

No Jantar secreto tem um personagem chamado Leitão, que é o nome de um amigo meu. Mas nunca o personagem é exatamente a pessoa real. Eu realmente gosto de criar personagens pensando não só como eu vou precisar dele na trama, mas tentando também entender sua essência. E, nisso, a imaginação é muito importante, não só se baseia numa pessoa real.

 

                                            Algumas Obras de Raphael Montes:

O vilarejo.

Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome.

As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.

 

Uma Mulher no escuro.

Victoria Bravo tinha quatro anos quando um homem invadiu sua casa e matou toda a sua família. Única sobrevivente, ela se tornou uma jovem solitária e tímida, com pesadelos frequentes e sérias dificuldades para se relacionar. Seu refúgio é observar a vida alheia pelas janelas do apartamento onde mora, na Lapa, Rio de Janeiro.

Mas o passado está à espreita, e ela não sabe mais em quem acreditar. Forçada a enfrentar a própria tragédia, Victoria embarca numa jornada de descoberta que a levará a zonas obscuras, mas também revelará as possibilidades do amor. Um psiquiatra, um

amigo virtual e um possível namorado, qual deles está usando tudo o que sabe sobre Vic para aterrorizá-la? E o que afinal ele quer com ela?

 

Bom dia, Veronica.

Verônica Torres trabalha no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, da Polícia Civil em São Paulo. É secretária de Carvana, um delegado pouco confiável, e filha de um respeitado policial, que teve um fim trágico e não totalmente esclarecido.

Verônica está afastada de qualquer tipo de investigação, mas, ao presenciar o suicídio de uma mulher em seu trabalho, a fragilidade da vítima e as estranhas circunstâncias que a levaram à delegacia a colocam na trilha de um abusador com requintes de crueldade. Quando recebe uma ligação anônima de uma mulher desesperada, ela seguirá as pistas de uma série de crimes ainda mais sombrios.

Janete é uma dona de casa devotada, que obedece Brandão, seu marido, pelo absoluto terror que nutre por ele. Policial militar, ele está acima do bem e do mal e pratica crimes sexuais de extrema violência e sadismo, em que ela é obrigada a participar – primeiro, aliciando mulheres; depois, acompanhando o desenrolar de suas mortes.

As vidas de Verônica e Janete se entrecruzam e as levam aos limites da violência e da loucura. Ao narrar suas histórias, Ilana Casoy e Raphael Montes criam um thriller sem paralelos na literatura policial brasileira, com uma trama complexa – e uma investigadora inesquecível.

 

Luís Fernando Veríssimo.



Local de Nascimento: Porto Alegre, Brasil.

Data: 26/09/1936.

Signo: Libra.

Principais gêneros Literários: Comedia, policial.

                                                                   

                                                                       Concelhos:

1. Escreve bem quem lê bem

 

Em palestras e entrevistas, Luis Fernando Verissimo sempre evoca o primeiro mandamento para quem pretende colocar suas histórias no papel: “Escreve bem quem lê bem”. No caso do cronista de 83 anos, “ler bem” significa ter lido um bocado. Além de seu livro predileto, O grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald, e da Bíblia (um clássico), Verissimo devorou craques da literatura como Jorge Amado, Jorge Luis Borges, Agatha Christie, Carlos Drummond, Érico (também conhecido como “Pai”), Gustave Flaubert, Graciliano Ramos, Ernest Hemingway, James Joyce, Clarice Lispector, Herman Melville, Vladimir Nabokov, Edgar A. Poe, os Rubem (o Braga e o Fonseca), Mary Shelley e lá vai lombada. Destaque ainda para dois de seus humoristas favoritos: Millôr Fernandes e Evelyn Waugh.

 

2. Clareza

 

Na célebre crônica publicada no início dos anos 1980, “O gigolô das palavras”, Verissimo ensinava: “Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever claro’ não é certo, mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover…)”. O segundo mandamento de Verissimo, portanto, é: seja claro. O conselho vale principalmente para quem tenta fazer humor: “Quando o leitor não entende o que um jornalista escreveu, a culpa é sempre do jornalista”, LFV disse, em outra crônica.

 

3. Professor: Pelé

 

Além de aprender com os autores que lia e conhecia na sala de estar de casa, muitos deles amigos de Érico Verissimo, Luis Fernando teve um professor incomum: mestre Edson Arantes de Nascimento. Como Verissimo explicou, em citação no seu Verissimas: “Sempre achei que o melhor professor de português do Brasil foi o Pelé. Quem o viu jogar ou hoje vê os seus teipes sabe que o Pelé jamais fez uma jogada que não fosse parte de uma progressão para o gol. O sentido de tudo que o Pelé escrevia com a bola no campo era o gol. O drible espetacular era apenas circunstancialmente, com perdão do longo advérbio, espetacular, porque ele existia em função do objetivo final. A lição para escritores é: defina o seu gol e tente chegar lá como o Pelé chegaria, com poucos mas definitivos toques, sem nunca deixar que os meios o desviem do fim. E se, no caminho para o gol, você fizer alguma coisa espetacular, esforce-se para dar a impressão de que foi apenas por obrigação.”

 

4. Respiração

 

Na impagável crônica “Carta do Fuás”, o cronista que está celebrando 50 anos de carreira revela uma de suas principais preocupações estilísticas: deixar o pobre leitor respirar. “Faz parte da arte de escrever a distribuição sagaz de espaços abertos, como os jardins nas casas”, explica LFV. “Assim respira o texto e respira o leitor. Toda arquitetura, de pedra ou palavra, deve ter aberturas bem-postas por onde circule o ar e cure-se a opressão.”

 

5. O maior pecado

 

Há apenas duas práticas que Verissimo sempre desaconselha aos escritores iniciantes: redigir com raiva e ser repetitivo. Numa de suas citações (presente no livro Verissimas), o autor gaúcho prega: “O pecado que um escriba mais teme é o da redundância”.

 

6. Vocabulário e intimidade

 

Sobre a escolha das palavras, Verissimo é prudente: “Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras.” A vantagem é que aumentar o vocabulário é uma missão simples: basta ler os seus autores prediletos.

 

7. Polimento em dose cavalar

 

Em sua longa entrevista no livro Conversa sobre o tempo, Verissimo explica aos amigos Zuenir Ventura e Arthur Dapieve como vê o ofício da escrita: para ele, a ideia de uma crônica ou livro martela tanto o autor que é impossível resistir, e ela acaba no papel. Na mesma entrevista, LFV compara o estilo de cada autor com a história do hábil escultor que fez um magnífico cavalo de mármore. Ao ser perguntado como conseguira tamanha perfeição, respondeu: “Escolhi a pedra, as ferramentas e tirei tudo o que não era cavalo.” Para Verissimo, “escrever é tirar tudo o que não é cavalo.”


                                        Algumas obras de Luís Fernando Veríssimo.


As mentiras que os Homens Contam.

O best-seller As mentiras que os homens contam não julga, apenas constata. Os homens não mentem. E, se mentem, é porque precisam. Para poupar as mulheres e, também, para se proteger delas.

O melhor da Comedia da Vida Privada.

Histórias engraçadas, delicadas e confessionais que revelam nossas pequenas e grandes tragédias cotidianas.

Comédias para se ler na escola.

O melhor do humor de Verissimo, em uma coletânea capaz de despertar nos estudantes a paixão pela leitura.

Paulo Coelho.



Local de Nascimento: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Data: 24/08/1947.

Signo: Virgem.

Principais gêneros literários: Drama, romance.


                                                                    Concelhos:

Sobre autoestima: “Você não pode vender o seu próximo livro ao subestimar o livro que acabou de ser publicado. Tenha orgulho do que você possui.”

 

Sobre confiança: “Confie em seu leitor, não tente descrever as coisas. Dê uma pista e ele preencherá essa pista com sua própria imaginação.”

 

Sobre habilidades: “Você não pode tirar algo do nada. Quando for escrever um livro, use sua própria experiência.”

 

Sobre críticas: “Algumas escritores querem agradar seus semelhantes, eles querem ser ‘reconhecidos’. Isso mostra nada além de insegurança, por favor esqueça isso. Você deve se preocupar em compartilhar a sua alma e não em agradar outros escritores.”

Sobre anotações: “Se você quer capturar ideias, você está perdido. Você irá se separar de suas emoções e irá esquecer de viver sua vida. Você será um observador e não um ser humano ao viver a vida deste ou desta. Esqueça as anotações. O que for importante irá permanecer e o que não for importante irá embora.”

 

Sobre pesquisas: “Se você entupir o seu livro com um monte de pesquisas você irá ser entediante para você mesmo e seu leitor. Os livros não servem para mostrar o quão inteligente você é. Livros servem para mostrar a sua alma.”

 

Sobre a escrita: “Eu escrevo o livro que quer ser escrito. Por trás da primeira frase há um fio que o leva até a última.”

 

Sobre estilo: “Não tente inovar a narrativa, conte uma boa história e será mágico. Eu vejo pessoas tentando trabalhar tanto em estilo, encontrando formas diferentes de dizer a mesma coisa. É como a moda. O estilo é o vestido, mas o vestido não dita o que está dentro do vestido.”


                                 Algumas Obras de Paulo Coelho:




Veronica Decide Morrer

A emocionante história de uma jovem que decide se suicidar - apesar de todos à sua volta acreditarem que ela tinha uma vida perfeita.


NA MARGEM DO RIO PIEDRA EU SENTEI E CHOREI

Quem ama venceu o mundo, não tem medo de perder nada. O verdadeiro amor é um ato de entrega total." 

O Dom Supremo.

"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver Amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine."


Fontes: 

https://viltoreis.com/conselhos-de-clarice-lispector-para-escritores/

 https://lithub.com/ray-bradburys-greatest-writing-advice/

https://palavrascasmurras.com.br/5-licoes-de-escrita-de-autores-consagrados-para-iniciantes-2/

https://criadouro.revistaursula.com.br/escreva/exercicios/cinco-dicas-de-marcelino-freire-para-escritores/

https://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/06/como-se-tornar-escritora-luisa-geisler-descobre-escrevendo.html

https://mundoescrito.com.br/entrevista-raphael-montes/

https://www.companhiadasletras.com.br/BlogPost/5295/sete-dicas-de-luis-fernando-verissimo-para-quem-gosta-de-escrever?srsltid=AfmBOorEsDO4F3-aIPF0lkAvXu6TjwAnJXzsH7L5vX1_W7igRekstXGV

https://sonhosdeletras.com.br/8-dicas-importantes-de-paulo-coelho-para-escritores-iniciantes/

http://www.evafurnari.com.br/pt/resguntas-e-perpostas/


Chegamos ao fim de mais uma jornada... Muito obrigada pelo apoio e pela atenção. Espero que tenham gostado, que tenham se inspirado, que tenham tirado proveito de alguma coisa. Peço perdão por qualquer equivoco. E desejo a todos (as) uma otima semana.Até breve....

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